Título no Brasil(Original): Sete Breves Lições de Física (Sette Brevi Lezioni de Física)
Autor: Carlo Rovelli
Editora: Objetiva
Páginas: 96
Ano: 2015
Sinopse oficial
Em Sete Breves Lições de Física (publicado no Brasil pela Ed. Objetiva), o professor Carlo Rovelli resume de modo simples os principais conceitos da ciência contemporânea, desde a teoria da relatividade geral de Albert Einstein, passando pelas descobertas do astrofísico inglês Stephen Hawking, até a provável extinção da espécie humana.
Antes de mais nada: Carlo Rovelli é um físico teórico e nasceu em Verona, no norte da Itália, e atual responsável pelo centro de pesquisas sobre gravidade quântica da Universidade Aix-Marseille, na França.
Minhas impressões
O livro é derivado de uma coluna de um jornal escrita pelo próprio autor. O livro é curto (96 páginas) e divido em sete lições (como no título).
“A maior parte dos livros de física são escritos para quem já é apaixonado pelo assunto e quer saber mais. Por isso, pensei num livro para quem conhece pouco ou nada sobre a matéria. Poupei os detalhes e concentrei-me no essencial”, disse o autor à BBC Brasil.
A primeira lição, intitulada "A mais bela das teorias" é dedicada à teoria da relatividade geral de Albert Einstein.
"O campo gravitacional não estaria difundido no espaço; ele seria o próprio espaço. Uma entidade que ondula, que se flexiona, se curva, se retorce. Não estamos contidos numa invisível estante rígida: estamos imersos num gigantesco molusco flexível. Um mundo colorido e espantoso, onde as ilimitadas extensões do espaço interestelar se encrespam e ondulam como a superfície do mar..."
A segunda lição é dedicada à mecânica quântica e intitulada "Os Quanta", na qual se encontram os aspectos mais desconcertantes da física moderna. "Heisenberg imagina que os elétrons não existam sempre. Existem só quando alguém os observa, ou, melhor, quando interagem com alguma outra coisa. Na mecânica quântica, nenhuma partícula tem uma posição definida, a não ser quando colide com algo."
Já a "Arquitetura do Cosmo" ou a terceira lição do livro é dedicada ao cosmo: a arquitetura do universo que habitamos. "A ciência é, antes de tudo, uma atividade visionária. A representação do cosmo foi concebida durante milênio como embaixo a Terra, em cima o Céu. Depois o Sol, a Lua e as estrelas passaram a girar ao nosso redor. Agora, a Terra é um grande seixo que flutua suspenso no espaço, sem cair. Copérnico compreende e mostra que nossa Terra não está no centro da dança de planetas, e sim o Sol. Nosso planeta se torna um como os outros."
As partículas elementares, que compõem nós e o universo serviram como tema de uma bela aula instrutiva na quarta. "Mesmo se observarmos uma região vazia do espaço, onde não existam átomos, ainda veremos um diminuto pulular dessas partículas. Não existe verdadeiro vazio, que seja completamente vazio. Assim como o mar mais calmo, visto de perto, ondula levemente e estremece, os campos que formam o mundo também flutuam em pequena escala."
A quinta, à gravidade quântica: o esforço em andamento para construir uma síntese das grandes descobertas do século XX. "Hoje, vemos no céu os buracos negros formados pelas estrelas que colapsaram. A matéria dessas estrelas se precipitou para o interior, esmagada pelo próprio peso, e desapareceu de nossa vista. Uma vez comprimida ao máximo, ricocheteia e começa a se expandir de novo. Isso leva à explosão do buraco negro."
A sexta lição foi dedicada à probabilidade, o tempo e ao calor dos buracos negros. "Em todos os casos em que não há troca de calor, ou quando o calor trocado é desprezível, vemos que o futuro se comporta exatamente como o passado. Por exemplo, enquanto não houver atrito, um pêndulo continua a oscilar para sempre. Mas, se houver atrito, este faz com que o pêndulo aqueça um pouco seus suportes, perca energia e se retarde. O atrito produz calor. E logo somos capazes de distinguir o futuro (a direção ao qual o pêndulo se retarda) do passado."
A última seção do livro, em conclusão, retorna a nós mesmos e pergunta como conseguir pensar-nos no estranho mundo descrito por essa física. "Penso que nossa espécie não durará muito. Ela não parece ter a resistência das tartarugas, que continuaram existindo semelhantes a si mesmas por centenas de milhões de anos, centenas de vezes mais do que nós temos existido. Pertencemos a um tipo de espécie de vida breve. Nossos primos já estão todos extintos. E nós causamos danos. Existem fronteiras, nas quais estamos aprendendo, e onde arde nosso desejo de saber. Elas estão nas profundezas mais diminutas da textura do espaço, na origem do cosmo, na natureza do tempo, na existência dos buracos negros e no funcionamento do nosso próprio pensamento. À beira daquilo que sabemos, em contato com o oceano do desconhecido, reluzem o mistério e a beleza do mundo. E é de tirar o fôlego."
"Quem não perde tempo não chega a lugar nenhum..."
A frase acima é uma das primeiras do livro, e me encantei com a doçura e empatia que ela carrega, ainda mais se tratando de um escritor pesquisador e um livro que fala sobre ciência.
Apesar do tamanho, esse livro possui três camadas. Na primeira temos as teorias científicas, na segunda temos algumas curiosidades sobre os gênios que as desenvolveram, e na terceira, a que considero mais deliciosa, temos as impressões e memórias do autor sobre como foi para ele ter conhecimento dessas teorias.
Trata-se de uma leitura super rápida, mas que cumpre seu papel de nos fazer pensar e refletir sobre nosso universo, sobre ciência e sobre nós mesmos.
Mesmo sendo um livro curto e de fácil entendimento para quem está tento o primeiro contato com a física moderna, e de extrema beleza pra quem já conhece um pouco do assunto. O autor faz texto curtos e didáticos sobre os principais tópicos da física atual, mas com tanto capricho e poesia que acho difícil o leitor não querer saber mais a respeito dos mistérios da física. Um dos melhores livros de divulgação científica que li na vida!
O site oficial do livro é uma obra de arte a parte, vale o acesso:
A Ed. Objetiva tem um canal no Youtube chamado "Booktrailer", onde geralmente os autores falam da obra e do que os motivou a escrever o livro. Com Carlo Rovelli não foi diferente:
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